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domingo, 6 de abril de 2014

Mountain Bike - Não basta só pedalar...

Cearense enfrentou mais de 44 horas de lama, pedras e altas temperaturas em mais uma ultramaratona


Na aventura radical deste domingo, vamos mergulhar profundo na savana e montanhas sul-africanas para saber como foi a participação do cearense Zé Filho na Cape Epic, a maior ultramaratona de mountain bike do planeta.

Sangue, suor e lágrimas em meio a uma incrível paisagem povoada por leões, girafas e zebras fizeram parte desse desafio que exigiu muito mais que força e equipamentos de ponta para ser concluído.


Na África do Sul, Zé Filho pedalou 718 km em um percurso com altimetria de 14.850 metros, algo equivalente a escalar o Monte Everest duas vezes ou a distância aproximada de uma viagem da capital cearense para a pernambucana
FOTOS: DIVULGAÇÃO

Entre os dias 23 e 30 de março, muitos dos maiores atletas de resistência do planeta estiveram reunidos para a prova que é considerada um dos eventos esportivos mais difíceis de que se tem notícia: a 11ª edição da Absa Cape Epic. E tinha cearense no páreo. Foram nada menos que 44 horas e 36 minutos de lama, poeira, pedras soltas, subidas sem fim, descidas em velocidade alucinantes, sol escaldante durante o dia (e muito frio em temperaturas que chegavam a ficar negativas à noite) e toda sorte de condições hostis para que o cearense Zé Filho completasse mais uma Cape Epic.

Superação

Durante oito dias esse verdadeiro homem de aço pedalou 718 km em um percurso com altimetria de 14.850 metros, algo equivalente a escalar o Monte Everest duas vezes. É como se ele tivesse ido de Fortaleza até a cidade Recife pedalando por entre vales e montanhas.

Foram meses de preparação até chegar o dia de enfrentar esse 'gigante'. Desde o primeiro dia, no Prólogo, já dava pra ver que a organização não havia aliviado no nível de dificuldade da prova. "Provas como a Cape Epic são tão duras que costumam ser realizadas em dupla para aumentar a segurança dos participantes. Muitas vezes, atravessamos lugares inóspitos onde parece que o percurso não vai acabar nunca e andando de dupla, além de um motivar o outro, ambos podem se ajudar em situações de problemas mecânicos, acidente ou até em último caso, avisando a organização ou buscando ajuda em casos mais graves", explicou o atleta.

Mas, já no segundo dia, os problemas começaram a aparecer. Seu parceiro, Uli Blank, não suportou as dores no nervo ciático e foi forçado a abandonar a prova, obrigando Zé Filho a continuar sozinho.

Força interior

Os dias seguintes não foram nada fáceis e Zé Filho teve de recorrer ao espírito sertanejo, de ser "antes de tudo um forte", para vencer todos os desafios que se impuseram no caminho.

"A gente nunca espera quebrar, mas são situações que fazem parte do esporte e precisamos estar prontos para quando isso acontecer. Poderia ter sido comigo e sei que Uli teria seguido firme, assim como fiz. Mas, o mais importante agora é comemorar essa conquista com a família e os amigos e manter o ritmo forte de treinos para o próximo desafio, que será o Iroman em Fortaleza, no fim deste ano", concluiu Zé Filho.


Causas nobres

Não é de hoje que Zé Filho pedala em prol de nobres causas. Uma de suas bandeiras é a da Associação Brasileira de Amiotrofia Espinhal, entidade que assiste portadores de Amiotrofia Espinhal e suas famílias.

"Quando estou nos meus momentos mais difíceis eu lembro que não estou sozinho e que muitas famílias estão ali comigo, em pensamento e orações. É por essas pessoas que eu dou o meu sangue e minhas lágrimas. É nelas e em Deus que penso quando tudo parece estar perdido", conta. Contudo, na Cape Epic 2014, ele teve mais uma motivação: dedicar a prova ao amigo Emerson Damasceno, que recentemente foi atropelado durante um treino de ciclismo e hoje luta para voltar a andar.

George Noronha

Prólogo

Espécie de prévia de uma prova. Normalmente a organização dos eventos combina tudo o que os competidores irão encontrar

No percurso, de forma resumida

Quebrar

Quando alguém se lesiona e é obrigado a abandonar a prova. Não significa necessariamente que o competidor teve algum osso quebrado ou coisa do tipo. Mas que alguma lesão o impede de continuar

Ultramaratona

Prova que dura vários dias e exige de seus participantes o máximo que seus corpos podem dar

Próximo desafio do cearense vai ser a participação no Iroman no fim deste ano, que será em território bem conhecido dele: a cidade de Fortaleza

Brasil Ride

É a versão nacional da Cape Epic. Acontece anualmente na parte baiana da Chapada Diamantina. São percorridos 700 km em 7 dias

Iroman

Mais tradicional prova de Triathlon do mundo, consiste na combinação de três modalidades esportivas: maratona, natação e ciclismo


Fonte: DN

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